Fratura de Úmero: Como a Fisioterapia Pode Ajudar na Recuperação

O úmero é o maior osso do braço e essencial para a movimentação do ombro e do cotovelo. Quando ocorre uma fratura nesse osso, a função do membro superior pode ficar bastante comprometida, afetando atividades simples do dia a dia, como vestir uma camisa ou carregar objetos.As fraturas de úmero são comuns em quedas, acidentes de trânsito e esportes de impacto. Dependendo do tipo e da gravidade da fratura, o tratamento pode ser conservador, com imobilização e fisioterapia, ou cirúrgico, quando há necessidade de fixação com placas, parafusos ou hastes.A reabilitação fisioterapêutica é um dos fatores mais importantes para a recuperação total, pois evita complicações como rigidez articular, fraqueza muscular e dor crônica. Neste artigo, explicamos as principais causas da fratura de úmero, os sintomas, como é feito o diagnóstico e, principalmente, como a fisioterapia pode acelerar o retorno às atividades normais.Causas da fratura de úmeroAs fraturas de úmero podem ser classificadas em proximais (perto do ombro), diafisárias (na parte central do osso) e distais (próximas ao cotovelo). As principais causas incluem:

• Quedas sobre o braço estendido: Uma das principais causas, especialmente em idosos com osteoporose, pois a fragilidade óssea aumenta o risco de fratura mesmo em quedas de baixa energia.
• Acidentes de trânsito: Impactos diretos em colisões de carro, moto ou bicicleta frequentemente resultam em fraturas de úmero, principalmente diafisárias.
• Esportes de contato ou de alto impacto: Atletas de esportes como futebol, basquete, skate e ciclismo estão mais propensos a fraturas devido a quedas e choques diretos.
• Fraturas por estresse: Embora menos comuns, podem ocorrer devido a movimentos repetitivos e sobrecarga em atividades como levantamento de peso e esportes de arremesso.
• Traumas diretos: Golpes fortes no braço, como os que ocorrem em quedas de altura ou agressões, podem causar fraturas complexas com desvio ósseo significativo.

SintomasOs sintomas variam conforme a gravidade da fratura, mas os mais comuns incluem:

• Dor intensa e imediata no local da fratura, que pode piorar ao tentar movimentar o braço.
• Inchaço e hematomas que se espalham ao longo do braço, podendo atingir ombro ou cotovelo.
• Dificuldade ou incapacidade de movimentar o membro afetado, principalmente em fraturas proximais.
• Sons de estalo ou crepitação no momento da fratura, indicativo de lesão óssea grave.
• Deformidade visível em fraturas com desvio, onde o braço pode parecer torto ou encurtado.
• Dormência ou formigamento se houver comprometimento de nervos próximos, como o nervo radial, que pode ser afetado em fraturas diafisárias.

A presença de sintomas como perda de sensibilidade, palidez ou ausência de pulso no braço exige avaliação médica imediata para descartar lesões vasculares ou neurológicas associadas.DiagnósticoO diagnóstico da fratura de úmero é baseado na avaliação clínica e em exames de imagem, que determinam a localização, gravidade e possíveis complicações da lesão.Avaliação ClínicaO profissional de saúde inicia o diagnóstico com uma anamnese detalhada, perguntando sobre o mecanismo da lesão, histórico de quedas, prática esportiva e sintomas relatados. Em seguida, realiza o exame físico para verificar:

• Pontos de dor e edema ao longo do úmero;
• Presença de deformidade ou desalinhamento ósseo;
• Amplitude de movimento do ombro, cotovelo e punho (embora o movimento do braço geralmente esteja comprometido pela dor);
• Comprometimento neurológico, testando a sensibilidade e a força muscular, principalmente para avaliar possíveis lesões no nervo radial em fraturas diafisárias;
• Circulação sanguínea, observando pulso e coloração da pele para identificar lesões vasculares associadas.

Exames de ImagemOs exames de imagem são essenciais para confirmar o diagnóstico e definir a melhor abordagem terapêutica.

• Radiografia (Raio-X): É o exame padrão para identificar a fratura, sua localização (proximal, diafisária ou distal), presença de desvios e alinhamento ósseo. São feitas incidências em diferentes ângulos para uma avaliação mais precisa.
• Tomografia Computadorizada (TC): Indicada em casos de fraturas complexas, como as proximais com múltiplos fragmentos ou associadas a luxações. Auxilia no planejamento cirúrgico.
• Ressonância Magnética (RM): Pouco utilizada para o diagnóstico primário, mas pode ser necessária para avaliar lesões ligamentares, musculares ou comprometimento da cartilagem em fraturas intra-articulares.

Com base nesses exames, o médico define se o tratamento será conservador ou cirúrgico e encaminha o paciente para o início da reabilitação fisioterapêutica o mais cedo possível, garantindo uma melhor recuperação.
Tratamento Fisioterapêutico

A reabilitação da fratura de úmero depende do tipo de tratamento adotado, seja conservador ou cirúrgico, e tem como principal objetivo restaurar a mobilidade, força e funcionalidade do braço, prevenindo complicações como rigidez articular, dor crônica e fraqueza muscular.

No tratamento conservador, onde a fratura é estabilizada com imobilização (tipicamente com tipoia ou órtese), a fisioterapia começa assim que há consolidação óssea suficiente para permitir movimentos seguros. Inicialmente, são realizados exercícios passivos e ativos assistidos para minimizar a rigidez articular e preservar a amplitude de movimento do ombro, cotovelo e punho. Técnicas de mobilização articular são aplicadas conforme a tolerância do paciente para evitar aderências capsulares e garantir a nutrição articular adequada. O fortalecimento muscular é introduzido de forma progressiva, começando com contrações isométricas da musculatura estabilizadora do ombro e evoluindo para exercícios resistidos com carga leve, respeitando os princípios de sobrecarga progressiva para evitar estresse excessivo sobre o osso em recuperação.

Já no tratamento pós-cirúrgico, a fisioterapia é iniciada de forma precoce para evitar a perda de mobilidade. Nos primeiros dias, prioriza-se o controle da dor e do edema com técnicas como crioterapia e eletroterapia, além da mobilização passiva para evitar a rigidez articular, principalmente na articulação do ombro, que tem alto risco de desenvolver restrição de movimentos . Exercícios isométricos  são incorporados gradualmente para restaurar a força muscular sem comprometer a fixação cirúrgica. Com a consolidação óssea, a progressão do fortalecimento muscular segue protocolos específicos, respeitando as propriedades biomecânicas do tecido ósseo e dos implantes utilizados. Exercícios de cadeia cinética fechada são introduzidos para estimular a propriocepção e melhorar o controle neuromuscular do membro superior, reduzindo o risco de recidiva de lesões.

A fase final do tratamento fisioterapêutico foca na recuperação da funcionalidade do membro, seja para atividades do dia a dia ou retorno ao esporte. Protocolos específicos são aplicados para restaurar padrões de movimento eficientes, melhorar a força máxima e resistência muscular e restabelecer o desempenho neuromuscular necessário para as exigências individuais do paciente. O uso de exercícios pliométricos e treinamentos específicos, como simulações de gestos esportivos ou atividades laborais, garante que a recuperação seja completa e que o paciente volte à sua rotina com segurança e desempenho otimizado.

A fratura de úmero pode ser um grande desafio, mas com o tratamento adequado e uma reabilitação fisioterapêutica bem conduzida, é possível recuperar totalmente a mobilidade e a força do braço. Cada fase da reabilitação tem um papel crucial na sua recuperação, e quanto mais cedo a fisioterapia for iniciada, melhores serão os resultados.

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